Empresa que opera trens que passam por Caucaia descumpre acordo e não constroi túnel

Há muitos anos que moradores de Caucaia do Alto sofrem com os transtornos causados pela linha férrea que cruza o Distrito, vinda do interior com destino a Santos e operada pela empresa ALL – América Latina Logística, hoje Grupo Rumo.

Uma das maiores reclamações dos moradores, principalmente do entorno da Estação Caucaia e na Água Espraiada é em relação ao cruzamento da ferrovia e o impacto que a passagem e parada dos trens causam. Eles pedem a construção de uma passagem em desnível, um túnel, por debaixo da ferrovia.

O Jornal Cotia Agora acompanha este problema dos caucaianos há 8 anos e nenhuma solução foi dada até agora.

O caso é antigo e em 2011 houve uma reunião entre representantes da sociedade de Cotia e membros da ALL para cobrar soluções da empresa. Na época, foram registrados acidentes por causa da parada dos trens e a imprudência de alguns moradores, que cansados de esperar a saída da composição, acabavam passando por debaixo ou entre os vagões e acidentes acabaram acontecendo. Vale lembrar que algumas composições chegavam a ficar mais de três horas paradas, impedindo a passagem até de ambulâncias e carros de emergência.

Após diversas reuniões entre as partes, ficou combinado que a ALL faria uma passagem em desnível para que veículos e pedestres pudessem passar por debaixo da ferrovia. A ALL se comprometeu a fazer a obra desde que a prefeitura cuidasse dos processos de desapropriações do entorno. A previsão era de que a obra seria feita junto com a duplicação da ferrovia, que já aconteceu, mas, a passagem em desnível não.

Em fevereiro de 2015 o Jornal Cotia Agora publicou uma reportagem sobre o assunto e a Prefeitura de Cotia disse em nota que o problema era falta de dinheiro para as desapropriações do entorno. Já a ALL, jogava a responsabilidade na Prefeitura justamente pelo atraso em ceder a área.

Decreto anunciou desapropriação

Em novembro de 2015 finalmente veio a notícia de que a área ao lado da estação havia sido desapropriada. O Decreto de desapropriação engloba quatro áreas, sendo uma de 1.732,581 m² (de Takao Nishikawa); outra de 4.557,781 m² (de Yoshio Umehara), a terceira sendo de 1.250,388 m², pertencente à Névio Terzi e a última, de 2.061,813 m², de Cláudio A. Pires e espólio de Ricardo José Oltra Carbonell.

No mesmo decreto dizia que as despesas decorrentes da desapropriação ficariam por conta da ALL. A empresa na época disse ao Jornal Cotia Agora que já possuía o laudo de avaliação da área e que, em breve ajuizaria a ação de desapropriação”.

2019 e a situação segue na mesma

Apesar de alegar que seus trens não atrapalham mais a passagem dos moradores, a realidade é outra. Mesmo com a duplicação da ferrovia no trecho, as pessoas ainda reclamam e pedem a construção da passagem, tanto na estação como na Água Espraiada.

A Prefeitura ficou um bom tempo tentando negociar com o Grupo Rumo, sucessor da ALL, e até o momento não houve acordo para o início das obras.

Entramos em contato com o Grupo Rumo, que enviou a seguinte nota: “A Rumo esclarece que assumiu a concessão da ferrovia em abril de 2015. Desde então vem realizando investimentos significativos que resultaram em aumento da produtividade e segurança na ferrovia. A Rumo reforça que no processo de renovação antecipada da concessão da Malha Paulista, que está em análise pelo TCU – Tribunal de Contas da União uma série de obras que reduzirão os conflitos urbanos”.