‘Contos & Causos de Cotia’: O homem que delatou Tiradentes e se escondeu em solo cotiano

Por Beto Kodiak

Mais um final de semana com o ‘Contos & Causos de Cotia’ e um assunto polêmico que faz parte da história do Brasil e eu fiquei muito tempo querendo publicar e só agora resolvi compartilhar com vocês.

Se é verdade, nunca saberemos, mas é um causo que meu amigo Luisão Silva contou há pelo menos dois anos para mim. Antes disso, vou explicar quem é o personagem e o que ele fez no passado histórico do país.

O “cagueta”

Joaquim Silvério dos Reis é um português que nasceu em 1756 em Monte Real e morreu em 1819 no Brasil. Ele foi Coronel Comandante do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Borda do Campo. Silvério dos Reis, além da patente, era fazendeiro e proprietário de minas de ouro, numa época em que a mineração da região de Minas Gerais era o pólo econômico da capitania.

Na época, Portugal levava grande parte do ouro e minérios valiosos extraídos no Brasil e esse foi um dos motivos que gerou a Inconfidência Mineira, que teve à frente, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que foi o grande mártir deste importante fato na nossa história e que todo mundo já sabe, nem é preciso decorrer sobre o que aconteceu.

Mas, teve uma figura neste acontecimento que foi o delator, o cagueta de Tiradentes, o Silvério dos Reis, que citei acima. Ele entregou Tiradentes para as autoridades, informando do levante armado para proclamar a República e livrar o Brasil da exploração dos portugueses. Tiradentes foi preso e enforcado.

Silvério dos Reis ficou marcado por sua traição, passou a ser perseguido, sofreu atentados e rodou por vários lugares do Brasil para se esconder.
Os livros de história contam que em 1789 ele fugiu para Lisboa, mas retornou ao Brasil em 1808, onde morou no Maranhão e em outros lugares e voltou para o estado nordestino, onde morreu em 1819, com 63 anos.

Aí vem a polêmica

Mas, há um espaço nesta trajetória de Silvério dos Reis que poucos sabem. Volto ao início deste texto, onde citei meu amigo Luisão. Ele relembra uma história que sua mãe, a professora Irene Lemos Leite Silva contava, de que seus antepassados relatavam que Silvério dos Reis em suas perambulações pós delação, fugindo dos que queriam sua cabeça, veio para Cotia, onde se escondeu por algum tempo na região do bairro do Caiapiá.

Não se tem a informação da época, ano, mas o esconderijo de Silvério em Cotia foi por acaso, em um momento que fugia e não querendo mais ficar nas estradas e correr o risco de ser reconhecido e capturado, estava cavalgando para rumo ignorado e ficou “na moita” em solo cotiano, que ainda não era nem município, mas sim uma Freguesia, com a denominação de Nossa Senhora do Monte Serrat de Cotia, pertencente à Capital. Cotia só seria desmembrada de São Paulo em 1856.

Se o causo de hoje ocorreu de verdade, nunca iremos saber. O que Silvério fez em Cotia, idem, mas, não podemos ignorar a história da professora Irene, principalmente ela sendo contada anteriormente por seus avós e bisavós.
Se a história de Silvério escondido em Cotia é polêmica, há outra que vamos contar em breve, onde uma importante figura da história brasileira se refugiou na cidade.

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