“Contos & Causos de Cotia”: Em tempos de barragem rompida, o dia que quase houve tragédia na região

Por Beto Kodiak

Depois de um longo tempo voltamos com a coluna “Contos & Causos de Cotia”. Alguns leitores nos questionaram do sumiço dessa coluna, que relembra histórias da cidade. E também nos cobram da “Cotia Retrô”, que conta através de fotos e informações, o passado de nosso município. Na primeira coluna, é falta de tempo mesmo, mas já estamos com alguns “causos” separados e nas próximas semanas contaremos. Sobre as fotos antigas, infelizmente muito de nosso acervo foi acessado e espalhado pela internet sem nossa autorização e isso nos desanimou para seguir com a coluna, mas moradores antigos de Cotia já nos estão fornecendo fotos inéditas e em breve tem novidade.

Vamos então ao que se refere na manchete desta coluna, a queda de uma barragem:

Muito tem se falado da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, onde a barragem da Vale se rompeu e matou mais de 300 pessoas, o que gerou revolta da maioria dos brasileiros e a atenção para outras barragens pelo país.

Mas, um fato ocorrido (agora não me lembro se foi em 2002 ou 2003) quase causou uma tragédia na região do Caputera.
O antigo lixão de Cotia, que recebia toda a coleta do município, funcionava no bairro, bem no limite entre a cidade e Embu das Artes. Com o passar do tempo, o lixão foi embargado pela Justiça.

A empresa que operava o aterro foi proibida de descartar os resíduos no local, mas todo o lixo jogado durante anos permaneceu lá, debaixo da terra. Para piorar, havia um reservatório de chorume, que é um líquido fedorento e contaminante originado da decomposição dos resíduos.

Pois bem, eis que o barranco que segurava todo esse material cedeu e parte dele foi morro abaixo. Me lembro que fui ao local fazer uma reportagem em vídeo com a presidente da Ong In-Pacto, Dora Tschirner e o cinegrafista Duran. A reportagem mostrou e nós constatamos in loco o estrago feito, principalmente em um sítio.

O local, que antes era refúgio de uma família aos finais de semana, com um lindo lago, centenas de árvores, piscina, uma bonita casa, pomar, etc, virou um depósito de lixo, dejetos e ainda tinha a presença de centenas de urubus.

A cena era terrível. Eu como jornalista e amante da Natureza não acreditava no que via, A Ong denunciou à Justiça a empresa e a prefeitura na época, mas passados tantos anos, acredito que ninguém foi punido e a situação do local nos dias de hoje, desconheço.

Em época que tanto se fala em rompimento de barragens e tragédias, cotianos e embuenses quase foram afetados com o descaso das autoridades. Além do sítio, nascentes e córregos também foram afetados, em um desastre ambiental que poucos souberam na época.

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