Comércio informal volta a ocupar calçadas de Cotia e prefeitura deve regularizar camelôs

Por Rodrigo Seixas – Repórter

Já há alguns meses que quem passa pelas ruas do Centro de Cotia e Caucaia do Alto tem se deparado com o aumento no número de camelôs, que tomaram as calçadas e tem causado incômodo em comerciantes e pessoas que andam pelas regiões.

Em decorrência da pandemia, que causou uma crise econômica no país, levando muitas pessoas ao desemprego, a forma encontrada por elas foi recorrer à venda de produtos nas ruas e calçadas, isso não só em Cotia, mas em centenas de cidades brasileiras.

Porém, há quem não goste da concorrência desleal causada pelos camelôs. O Jornal Cotia Agora vem nos últimos meses recebendo reclamações de alguns munícipes e comerciantes, estes, alegando que é irregular a prática deste tipo de venda, principalmente quando há produtos semelhantes.

Foi o caso de um lojista no ramo de roupas, que comentou: “Eu pago quase 20 mil em aluguel, minha folha salarial é quase esse mesmo valor, além de contas de água, energia, internet, IPTU, ISS, ICMS entre tantos impostos e encargos e ainda gero muitos empregos formais. Daí vem uma pessoa e monta uma banca em frente e no arredor de minha loja, vende um produto semelhante ao meu, não paga impostos, não gera empregos. Isso é conflitante e revoltante. Até entendo que a crise chegou para essas pessoas, que precisam levar comida para casa, mas algo tem que ser feito pela prefeitura”, desabafou.

Também conversamos com os ambulantes e um em particular, um chamou a atenção: “Eu tive emprego até maio do ano passado, mas depois a firma me mandou embora, assim como mais outros funcionários. Como eu tinha pouco tempo de casa, recebi pouco dinheiro na demissão e foi acabando, não conseguia outra colocação por causa da pandemia. Tive que recorrer a vender produtos na rua, emprestei dinheiro de um primo e desde então tô aí, nessa lida por muitos meses, já vendi de tudo, lanche, chip de celular, meias e agora vendo pano de prato. Ganho muito pouco, tá difícil levar comida pra mesa, a sorte que minha mulher tá fazendo faxina em algumas casas e isso ajuda“, disse A.T., que pediu pra não ser identificado.

Vale lembrar que Cotia já teve um camelódromo na Praça Joaquim Nunes, que virou até ponto de venda de drogas e através de uma ação do Ministério Público, em 2015 todas as barracas foram retiradas. A prefeitura foi obrigada a destinar um novo espaço para os camelôs ao lado do Terminal Metropolitano, mas, como demorou, muitos deles, que nem eram de Cotia, desistiram.

Nos últimos anos o comércio ambulante na cidade havia diminuído consideravelmente e algumas vezes a fiscalização coibiu a prática. Com a crise causada pela pandemia, as ruas da cidade começam a receber muitos trabalhadores informais.

Solução?

Recentemente nossa reportagem conversou com o secretário de Indústria e Comércio, Fernando Jão, que disse estar atento às reclamações dos comerciantes formais, mas também entende que não pode simplesmente retirar os camelôs, até por conta da situação atual de nossa economia e a dificuldade enfrentada por essas pessoas.
Um estudo está sendo feito e a pasta deve regulamentar e impor regras para os ambulantes. Serão cadastrados cerca de 100 camelôs entre Cotia, Caucaia e Granja Viana e só quem tiver autorização poderá trabalhar, desde que cumpra as determinações, disse Jão.