Comércio ilegal novamente invade calçadas de Cotia e munícipes reclamam

Mais uma vez o comércio ilegal de produtos invade as calçadas e ruas de Cotia e atrapalha o dia a dia de munícipes e comerciantes. A denúncia foi feita através de email por comerciantes do Centro e também por munícipes em nosso Facebook nos últimos dias.

Os ilegais tomam conta das calçadas e a fiscalização da Prefeitura de Cotia não coíbe a prática. Se vende de tudo, de CD e DVD pirata, a meias, perfumes, roupas, frutas, etc.

Um comerciante legal, que preferiu manter o anonimato com medo de represálias comenta: “É um absurdo, eles vem de Carapicuíba para atrapalhar o comércio da cidade e pra piorar, ainda ficam no meio da calçada, que já são esburacadas e estreitas aqui no Centro. Sou cliente da agência da Caixa e todo dia tenho que sair da calçada por que eles ficam no meio, já montaram guarda-sol e até caixas de madeira ficam jogadas na calçada. É ilegal, eles vendem produtos que as lojas físicas, que pagam impostos e alugueis altos, geram empregos, também vendem“, disse o empresário, que fala em nome de outros comerciantes.

O mesmo pensamento tem uma senhora que vem mensalmente na agência da Caixa: “A gente fica aqui na fila, desde cedo e eles chegam, vão montando o negócio deles e não respeitam quem está ali. Temos que ficar no meio da calçada e quem tenta passar por ali tem que ir pra rua”, disse Regina, aposentada.

Eu sei que a maioria desses ambulantes sustentam família, é um problema social, mas que cabe às autoridades, simplesmente regularizar. Tem que ter espaço adequado, não pode ser na calçada ou rua. Outra coisa, querem vender e ganhar dinheiro, também tem que pagar taxas para o Município, não é justo, todo o comércio legal paga e por que eles não? Tá na hora de algo ser feito“, relatou Diego, que também trabalha na região.

Eu até hoje tento entender o critério da fiscalização da prefeitura e também da Polícia Civil. Umas duas vezes por ano eles aparecem, fazem um estardalhaço, prendem mercadoria, levam os caras pro DP e no restante do ano, são coniventes. Não dá pra entender. Cotia não teve um Plano Diretor, esse Centro virou um lixo, mal organizado, as calçadas são ocupadas por marreteiros, ninguém fiscaliza, cheio de produto pirata. Se eu, que tenho um comércio regularizado, pago impostos, gero 13 empregos diretos, meu aluguel ultrapassa os sete dígitos, se eu vendo uma mercadoria pirata, posso ser denunciado e preso. É um peso e duas medidas, aplicam a lei para uns e tem menos rigor com quem está errado”, foi o desabado de um lojista do Centro de Cotia, estabelecido há muitos anos.

Tenho raiva dos que vendem perfumes, eles vem pegando na gente, puxando papo como se fosse amigo há muito tempo, não tem respeito com quem tá passando por ali pra trabalhar“, disse a jovem Jéssica, que trabalha em uma clínica na região e também acha errado este tipo de comércio.

Problema antigo

O comércio ilegal de Cotia é antigo. A cidade teve um camelódromo na Praça Joaquim Nunes por muitos anos, que chegou a virar até ponto de venda de drogas. Em 2015 o Ministério Público obrigou a Prefeitura a retirar todas as barracas do local e o acordo foi que a administração, à época do prefeito Carlão Camargo, construísse um espaço para que os ambulantes, que deveriam ser regularizados, pudessem vender seus produtos, independente de serem piratas ou não.

Como publicou o Jornal Cotia Agora em 2018, o camelódromo está pronto, ao lado do Terminal Metropolitano, mas nunca foi inaugurado. Algumas barracas foram montadas ao lado do prédio, mas, muitos dos chamados “marreteiros” seguem vendendo seus produtos nas calçadas. Aos sábados a situação fica pior, pois a Rua Senador Feijó, que muitos chamam de “calçadão”, é invadido por comerciantes ilegais, que concorrem nas vendas com aqueles que pagam impostos, geram renda para o Município e ainda empregam centenas de pessoas.

O Jornal Cotia Agora entrou em contato com a Prefeitura para saber os critérios da fiscalização, mas até a publicação desta matéria, não tivemos resposta (mais uma vez) da Secretaria de Indústria e Comércio.