Espiritismo com Lucio Cândido Rosa: Os Mandamentos da Lei de Deus

Parte I

Caros Leitor!

Quando abrimos o Evangelho Segundo o Espiritismo, nos deparamos no capitulo I, com a seguinte afirmação de Jesus:

“Não vim destruir a lei”.
Neste capitulo, Deus nos faz três revelações, enviando seus emissários ou profetas, se assim podemos dizer: uma

através de Moisés, outra através de Jesus e a terceira pelo Espiritismo, codificado por Allan Kardec.
Na lei mosaica, há duas vertentes distintas: a Lei de Deus, promulgada no Monte Senai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é imutável, a outra apropriada aos costumes da época e ao caráter de cada povo, que se modifica com o tempo.
Jesus veio para que a Lei de Deus fosse cumprida realmente, com base no amor, na fraternidade e não para derrogar a lei.
Sua autoridade veio através da palavra, e principalmente através do exemplo, pela “natureza excepcional de seu Espírito” e a sua missão divina.
“O espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irreversíveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo.”
Vem desvendar o fantástico, o maravilhoso, e o que era considerado sobrenatural, junto com a ciência, que nos auxilia nessa tarefa.
“O espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica mais fácil”
A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação, a do Novo Testamento, em Jesus, e o Espiritismo vem como a terceira revelação da Lei de Deus. Mas não está personificada em nem um indivíduo, por que é fruto do ensino dado, não por um homem e sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa maneira, um ser coletivo, formando pelo conjunto de seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz um tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a parte que os espera.
O ESE vem elucidar as palavras do Cristo, quando ensinava o povo rude da época, através de parábolas.
Os Evangelhos de Lucas, Mateus, Marcos e João, foram escritos e escolhidos entre os 70 evangelhos que existiam, inclusive o de Maria Madalena, muito após da morte Dele. Se prestarmos bem atenção as palavras do Mestre representam uma parte mínima do Evangelho.
Sabe-se que através dos anos, o Evangelho foi alterado por traduções do hebraico para o grego, deste para o latim, para o francês, o português, além de palavras usadas que poderiam ter vários sentidos…
Mas, as parábolas e os Mandamentos da Leis de Deus conservaram sua escrita sem alterações importantes.
Vamos refletir um pouco sobre os três primeiros mandamentos da Lei de Deus.
O primeiro fala sobre o amor que devemos ter para com Deus.
Ele é Único, Eterno e Imutável. Criador de todas as coisas e das criaturas vivas do Universo.
Os povos antigos eram pagãos e adoravam vários deuses.
Os deuses antigos eram representados por figuras de animais ou coisas semelhantes. O povo hebreu era escravo no Egito e tinha os mesmos costumes. Mas, havia um porém, foi escolhido e libertado, pois tinham a possibilidade de acreditar num

Deus único, por isso receberam, através de Moisés, as tábuas da Lei, que orientado por Jeová, subiu ao Monte Sinai para recebê-las.
Como demorava, o povo materialista, necessitava de um “deus” concreto para adorar. Reuniram o ouro trazido na fuga do Egito, derreteram e confeccionaram um bezerro de ouro, passando a adorá-lo.
Moisés, ao voltar, irritado jogou as tábuas, quebrando-as.
Foi chamado à atenção pelo mentor e, retornou para buscar outras com as mesmas orientações: – “Não fareis imagens esculpidas, nem figura alguma do que está em cima do céu, nem debaixo da Terra, nem do que quer que esteja nas aguas sob a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis culto soberano.”
O segundo mandamento nos exorta a não tomar o nome de Deus em vão.
Quantas vezes vemos e ouvimos, desde pequenos, juramentos em nome do senhor?
Antigamente se ouvia muito as pessoas questionarem: – Jura por Deus?
Jura que isso é verdade?

Nas repartições públicas, em hospitais, em locais religiosos quando se fala em nome do Criador, mesmo não sendo citado diretamente, seu nome é utilizado.
Em muitos cursos nas faculdades, em sua formatura, há um juramento feito pelos alunos que diz honrar e respeitar a profissão que irão abraçar…
Nos tribunais, nas posses de cargos políticos, sempre há um juramento, em nome do Senhor que raramente é cumprido.
No casamento, há uma promessa de amar e respeitar um ao outro, e com o passar do tempo é esquecido…
Vamos analisar nossas vidas. Verificamos que prometemos tanta coisa aos nossos familiares, a Deus e a nós mesmos e nunca conseguimos cumprir…
Se lembrarmos as palavras do Cristo: “Vos sois deuses”, descobriremos que cada um de nós é representante do Pai aqui na Terra e que não devemos utilizar nossos pensamentos e sentimentos em coisas vãs. Estaremos, pois desperdiçando as energias espirituais vindas do além para causas inúteis e que por isso não são abençoadas por Ele.
Amaldiçoar a vida, amaldiçoar a Deus, amaldiçoar o nosso semelhante também é uma forma de levar o seu Santo nome em vão, pois estaremos menosprezando tudo aquilo que Ele criou.
O Terceiro mandamento (atualizado): – Guardar os domingos e as festas de guarda.
O povo Hebreu era um povo escravo. E, como todo escravo, não tinha direito à descanso.
Esse mandamento veio para regularizar a necessidade que o nosso corpo físico tem de recuperar as energias gastas no trabalho.
Segundo esse mandamento, toda sociedade tem o direito ao descanso.
Quando éramos crianças, nos domingos e nos dias considerados santos, não se fazia muita coisa, somente o essencial: comida, louça lavada, cuidar dos animais…
Hoje, com o avanço do progresso e com o consumismo, vemos shoppings abertos, lojas, supermercados, indústrias que não podem paralisar suas atividades, funcionando a todo vapor.
Muitos, levados pela sociedade de consumo, desgastam seu corpo físico e sua mente, chegando a ficarem doentes pelo excesso de trabalho.
Alguns poderão pensar – Jesus curava aos sábados (que era o dia de descanso para os Judeus), mas era para mostrar somente que a caridade não tem dia, nem hora, não tem data marcada. Há coisas que necessitamos fazer, mas devemos fazê-las glorificando a Deus, mostrando o nosso amor ao próximo e não por ganância ou por egoísmo.
Jesus é nosso Mestre e temos nele o exemplo de vida que devemos seguir: Pois, ninguém vai ao Pai, se não for por mim.
Muita paz a todos!
Continua…

Próximo tema: 20/08 – A Formação do Mundo e dos Seres

* Lucio Cândido Rosa escreve quinzenalmente sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]