Coluna espírita de Lúcio Cândido Rosa: O verdadeiro Natal

Quando o cristianismo foi implantado, substituindo o paganismo, todos os eventos cristãos foram adequados aos costumes pagãos. Como exemplo, temos o evento da Páscoa, e, o Natal que também não fugiu à regra. Seria difícil introduzir ideias novas dentro de costumes seculares. Esse foi o motivo da adequação.

Há muito tempo atrás, acontecia uma festa muito curiosa realizada na Europa Ocidental. Era endereçada ao deus Apolo, no momento em que demarcava oficialmente a entrada do solstício de inverno. Ela acontecia entre os dias 22 a 25 de dezembro, quando começava a vigorar o inverno europeu. Esse evento, reunia muita gente que vinha de todos os lugares, em volta do templo de Apolo, em Roma. Era uma festa, que hoje nós consideramos pagã.

Durante três dias o povo reunia-se em torno dessa figura mitológica que representava o Sol. Acreditava-se que era ele quem carregava esse astro em sua carruagem, na hora em que o céu da Europa se cobria de nuvens, quando a neve começava a cair e o sol desaparecia. Quando isso acontecia, o povo fazia procissões para que ele voltasse.

No entanto era comum, principalmente as donas de casa, colocarem frutas da época para desidratar e secar, a fim de que, pudessem comê-las no inverno. Elas também preparavam pães, algumas peças de tecidos, para que nesses dias pudessem trocar entre si, com as vizinhas e os familiares.
Foi graças a essa festividade em honra de Apolo, que surgiu o “Nosso dia de Natal”, ou seja, o dia do nascimento de Jesus, porque como todos sabemos, até hoje ninguém descobriu ao certo, qual foi a data de seu nascimento, principalmente depois que houve a mudança no calendário, após o seu nascimento.

Na época, passou a vigorar o calendário de Dionizio, o Pequeno, que acrescentou dois meses novos, que vigoram até os dias de hoje.
Esses meses implantados foram o mês de julho e o mês de agosto, os dois com trinta e um dia cada um, em homenagem aos imperadores Júlio Cesar (mês de julho), e Augusto (mês de agosto). Como esses dois meses eram para homenagear esses imperadores, nenhum deles poderia ter menos que trinta e um

Por isso foram tirados dois dias do mês de fevereiro, que acabou ficando com 28 dias. Nesse novo calendário, ninguém ficou sabendo qual foi a data certa em que Jesus nasceu, pois alguns admitiam que ele teria nascido em outubro, outros em janeiro e outros em dezembro. Mas isso não é importante para nós, pois é uma data fictícia e alinhavada pela igreja.

Resolveram escolher essa data, pois entendiam que, sendo Jesus o grande Senhor e merecedor de uma grande homenagem, ela deveria ser feita num dia em que se reunissem o maior número de pessoas em Roma.
Aproveitando a festa do solstício que trazia muita gente para lá, onde durante três dias comiam e bebiam à vontade em torno do templo de Apolo, nas famosas barraquinhas que já existiam naquela época.
No terceiro dia da festa do solstício, em 25 de dezembro, acontecia a grande procissão com a imagem do deus Apolo, que rodeava o templo e voltava para o seu altar, sob a evocação do povo excitado, ébrio, feliz a seu modo, naquele evento notável.
Foi a partir dessa festa, que Natal de Jesus Cristo, começou a ser comemorada na Europa Ocidental, em dezembro, onde o povo Cristão passou a admitir que Ele teria nascido nessa data.

Independente dela ser uma data simbólica, pois não foi verdadeiramente nessa data em que Ele nasceu, nós nos acostumamos com ela, e já tomou lugar em nosso íntimo e em nossa cultura.
Que tenhamos a consciência que não importa a data que venhamos e escolher, mas sim como ela irá se manifestar em nós, pois a palavra Natal está relacionada ao nascimento de alguém ou a um sentimento novo dentro de nós.

É uma festividade habitual em nossas vidas. Vamos procurar fazer dela uma festividade diferente, para que o nascimento do Mestre amado seja verdadeiro em nossos corações, mesmo que venhamos a conservar a “ceia de natal” onde as iguarias do mundo alimentam nosso corpo físico, não podendo esquecer que as iguarias do Evangelho de Jesus alimentam nossa alma.
Sendo assim, compreendamos acima de tudo, que ele é o governador espiritual de nosso planeta e está no controle de tudo. Então tenhamos um pouco mais de paciência procurando sempre a melhor solução para tudo, deixando de entrar em desespero, e acima de tudo confiando Nele em qualquer circunstância.

Assim como o Anjo Gabriel não desamparou Maria antes e depois do nascimento de Jesus, Ele também não nos desampara, através de seus Mensageiros Divinos, para todo sempre.
Então preparemos o nosso coração que representa a manjedoura em nossa alma, para que Jesus nasça de verdade em nosso interior, e assim pratiquemos a Lei de Justiça, Amor e Caridade.

Aproveitemos essa data para colocar em prática o exercício do perdão, procurando conversar com aquela pessoa com quem estamos em divergência por algum motivo, independente de quem errou, colocando em prática o ensinamento de Jesus: – “Reconcilia-te com teu irmão, enquanto estás a caminho”, pois não sabemos quando teremos uma nova oportunidade.

Se alguém perguntar em que dia Jesus nasceu para você, diga que foi no momento em que passou a senti-lo dentro de sua alma.
Um Feliz Natal e Um Prospero Ano Novo!

* Lucio Cândido Rosa escreve sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]