Espiritismo com Lucio Cândido Rosa: Maria de Nazaré

Caro Leitor!

Mais um Natal está chegando, um dia festivo para todos nós, onde comemoramos mais uma vez o nascimento Espiritual de Jesus em todos os nossos corações.
Mas, como podemos vivenciar esse dia tão festivo, sem lembrarmo-nos de Maria de Nazaré, que representa a Divindade maior, de todos as mães do mundo.
Neste artigo iremos retratar, sua natureza Espiritual como mulher e mãe daquele que representa toda a essência Divina em nossos corações.
Moralmente, estava à altura de conceber Jesus como seu filho, o maior representante de Deus aqui na Terra.
Como mãe, tinha todos os pré-requisitos que têm todas as mães de hoje, em expressar o amor por um filho concebido, por ela ou não.
A visita do Anjo Gabriel, na anunciação do nascimento de Jesus, veio no sentido de dar força e coragem, para que Ela honrasse o compromisso na assumido na Espiritualidade.
José, filho de Davi, foi seu esposo e pai legítimo de Jesus, colaborou de forma direta na concepção do seu corpo físico.

O fato de estar escrito que Jesus foi concebido de uma forma miraculosa em seu ventre, vem no sentido de dar veracidade às profecias feitas à respeito de seu nascimento, porquanto se não se seguisse essa regra, Ele não seria o primogênito de José, filho de Davi (conforme as escrituras), o que causaria uma grande descrença.
O fato de Jesus ser filho legítimo de José e não de Deus, não diminui a grandiosidade do ato de Maria, em ser sua mãe.
A dedicação Dela como mãe, é o mesmo que todas as mães dedicam ao seus filhos estejam eles encarnados ou desencarnados.
Quando soube da prisão de Jesus, ficou triste, recolheu-se em seu santuário de prece, rogando ao Senhor Supremo que poupasse seu filho daquele grande sacrifício, pois não era ele o Embaixador Divino? Não nascera ele para a salvação do Mundo? Não curara Ele os leprosos, levantara paralíticos sem esperança…?
Após ter feito suas orações, seguiu todos os passos do Mestre, esperando que Deus interferisse a qualquer momento, como fez com Pai Abraão quando iria sacrificar Isaac.
Somente acalmou seu coração, quando aparada por Maria de Magdala e João, filho de Zebedeu, diante do calvário, ao ver seu filho crucificado.
Jesus endereçou-lhe um olhar tranquilo, sereno e resignado, para que Ela compreendesse sua missão e que tivesse confiança no Pai.
É nessa hora, que sente uma, uma força misteriosa a assenhorar-lhe o Espírito e, compreende a perfeição, a misericórdia e a justiça da Vontade do Pai.
Ajoelhou-se aos pés da cruz, contemplando o filho morto, repetiu as inesquecíveis afirmações: – “Senhor, eis aqui a tua serva! Cumpra-se em mim, segundo tua vontade!”
Essas palavras a fazem recordar da magia da manjedoura, num cântico de glória daquela noite inolvidável. Através do véu espesso das lágrimas, repassou uma por uma, as cenas da infância do filho, vendo que nas menores coisas, reconhecia a intervenção da Providência Celestial.

Seu coração rebentava em tempestades de lágrimas irreprimíveis. Contudo, no santuário da consciência, repetia a afirmação de sincera humildade: “Faça-se em mim a vontade do Senhor!”
De alma angustiada, sentindo que João pousara as mãos, de leve, sobre seus ombros, prometeu aceitá-lo como filho, relembrando as sublimes palavras do Mestre dizendo: “Mãe, eis aí teu filho!” E dirigindo-se, de modo especial ao apóstolo, disse: “Filho, eis aí tua mãe!”
Maria envolveu-se no véu de seu pranto doloroso, e o grande evangelista compreendeu que o Mestre, na derradeira hora, ensinava que o amor universal era o sublime coroamento de sua obra. Entendeu que no futuro, a claridade do Reino de Deus revelaria aos homens a necessidade da cessação de todo egoísmo, e que no santuário de cada coração, deveria existir a mais abundante cota de amor, não só para o círculo familiar, mas também para todos os necessitados do mundo, onde em cada habitação permaneceria a fraternidade real, para que a assistência recíproca se praticasse na Terra.
Depois disso, após a separação dos discípulos, os dois viveram juntos, para a difusão da Boa Nova.
Decorridos alguns meses, grandes fileiras de necessitados corriam ao sítio singelo e generoso. A notícia de que Maria habitava entre eles, espalhara um clarão de esperança por todos os sofredores.

Foi chamada de Mãe Santíssima, quando um miserável leproso, depois de aliviado de suas chagas, lhe beijou as mãos, reconhecidamente murmurando:
– “Senhora, sois a mãe de nosso Mestre e nossa Mãe Santíssima”. A tradição criou raízes através dos tempos, e segue até os dias de hoje.
O seu Evangelho é conhecido como o Evangelho de Lucas, pois após algumas visitas de Paulo de Tarso em sua casa, ouvindo suas narrativas cariciosas, a respeito da vida do Messias, o ex doutor de Jerusalém chamou a atenção do evangelista, para o velho projeto de escrever uma biografia de Jesus, valendo-se das informações de Maria.
Conta-nos os relatos dos Espíritos, que a velhice não lhe acarretara nem cansaço, nem amarguras, devido à certeza da proteção divina.

Um belo dia, enlevada em suas meditações, viu aproximar-se o vulto de um pedinte, com uma voz que lhe era peculiar, solicitando como muitos outros o seu carinho e a sua bênção.
Perguntava a si mesma quem era aquele mendigo que lhe acalmava as dores secretas da alma saudosa? Ninguém sugira até então para doar, era sempre para pedir alguma coisa.
Onde ouvira noutros tempos aquela voz meiga e carinhosa?
Foi quando o hóspede anônimo lhe estendeu as mãos generosas, e lhe falou com profundo amor:
– “Minha mãe, vem aos meus braços!”

Nesse instante, Ela conseguiu ver nele todas as chagas do último martírio, abraçando-o junto ao seu coração.
“Mãe, venho buscar-te, pois meu Pai quer que seja no meu reino a Rainha dos anjos…”
Maria cambaleou, tomada de inexpressível ventura. Queria dizer da sua felicidade, manifestar seu agradecimento a Deus, e mesmo com seu corpo paralisado, chegava aos seus ouvidos os ecos suaves da saudação dos anjos, que entoavam a mil vozes cariciosas as harmonias do céu.

No outro dia, dois portadores humildes desciam a Éfeso, de onde regressaram com João, para assistir aos últimos instantes daquela que lhes era a devotada Mãe Santíssima.
Maria já não falava. Numa inolvidável expressão de serenidade por longas horas ainda esperou a ruptura dos derradeiros laços que a prendiam à vida material.

Como rainha dos Anjos, Maria vive hoje no Reino Divino assessorada por grandes caravanas espirituais a cuidar de uma multidão de pedidos que sobem aos céus, principalmente na hora consagrada da Ave Maria.
Há uma Legião Espiritual intitulada como A Legião dos Servidores de Maria, que prestam assistência e socorro no vale dos suicidas, recolhendo aqueles réprobos arrependidos que se arrojaram aos temerosos abismos da morte voluntária, sendo levados ao Hospital Maria de Nazaré, no plano Espiritual para os primeiros socorros.

Após os cuidados necessários serão encaminhados à Mansão da Esperança para receberem assistência Moral, Filosófica, Científica, Psicológica, Pedagógica, etc….
Muita paz a todos!

* Lucio Cândido Rosa escreve quinzenalmente sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]