Espiritismo com Lucio Cândido Rosa: Compromisso afetivo

Para falarmos de compromisso afetivo, não podemos deixar de falar sobre o dever.

O dever é uma obrigação moral, que temos para conosco mesmo, e principalmente para com o nosso semelhante.
Precisamos compreender, que ele se encontra nos mínimos detalhes, como também nos atos mais elevados.
Porém, na ordem dos sentimentos, o dever fica mais difícil de ser praticado, porque algumas vezes está envolvido em seduções de interesse ou do coração. Contudo, nosso dever íntimo está ligado ao livre-arbítrio para ser praticado ou não. Tendo a consciência, como guardiã de tais atitudes, ela poderá nos indicar o caminho a ser seguido pelo senso de justiça, que deverá estar de acordo com nossa razão. Mas, nem sempre isso acontece, porque permanecemos impotentes diante de nossas paixões.

Aprendendo a observar os impulsos do coração e conseguindo controlá-los, saberemos utilizar o dever com exatidão: – onde ele começa, onde ele termina para conosco e para com o nosso semelhante.
Não devemos fazer aos outros aquilo que nós gostaríamos não nos fizessem, ou pelo menos que respeitassem nossos limites.

A guerra efetivamente flagela a humanidade, semeando terror e morte entre as nações, no entanto, em questão de sentimento construído erradamente, também cobre nosso mundo de vítimas.
A sexualidade, na atualidade está em decadência, quando examinamos alguns absurdos produzidos em nome do amor, promovendo desequilíbrios emocionais num futuro próximo.

Dentro de todas as Leis que regem o Universo Físico e Espiritual, existe uma delas que determina que “amemos uns aos outros como Jesus nos amou”. Seguindo esse preceito à risca, alcançaremos a paz interior.
Para que não sejamos mais mutilados psiquicamente, é indispensável não mutilar o próximo.
Em matéria de sentimento, no curso das encarnações, muitas vezes vivemos em função do narcisismo, buscando sensações e prazeres estéreis, que não nos levam a nada, espezinhando sentimentos alheios, levando criaturas estimáveis e nobres a processos de angústia e criminalidade, depois de prendê-las a nós com promessas brilhantes, das quais saímos de forma inesperada, sem pensar nas consequências.

Todas as vezes que se convida ou se aceita o convite de alguém para uma comunhão sexual, estabelece-se um circuito de forças energéticas espirituais, pelas quais ambos se alimentam reciprocamente. Quando um dos parceiros foge ao compromisso assumido, sem nenhuma razão justa, lesa o outro na sustentação do equilíbrio emocional, seja qual for o campo em que o compromisso tenha sido efetuado, criando a ruptura no sistema de permuta das cargas magnéticas de manutenção de alma para alma.

O parceiro lesado, se não dispõe de conhecimento ou de força emocional para superar o problema, entra em pânico sem prever as consequências causadas pelo desequilíbrio, partindo para atitudes que prejudicam a si e ao outro por estar fora de controle.
Os resultados da imprudência ou da falta de vigilância repercutem no agressor, que partilhará das consequências desencadeadas por ele, gerando conflitos e frustações futuras.
Sabemos que a justiça humana determina punições para atos de roubo, considerando a respeitabilidade dos sentimentos alheios.

Um dia perceberemos, que a Justiça Divina não deixa ninguém impune, alcançando os contraventores da “Lei do Amor”, determinando consequências aos reflexos de saque emocional provocado contra o outro, ou seja, aqui e faz, aqui se paga, de um jeito ou de outro.

Daí procede a certeza de que não escaparemos das equações infelizes dos compromissos de ordem sentimental, injustamente menosprezados por nós, que resgataremos no momento exato, parcela por parcela, na contabilidade dos princípios da Lei de Causa e Efeito.

Reencarnaremos quantas vezes forem necessárias, até tirar do próprio espírito, mutilações e conflitos causados em clima de irreflexão.

Aprenderemos no corpo físico de nossas manifestações ou no ambiente da vivência pessoal, através da pena sem cárcere aparente, que nunca poderemos lesar o outro sem lesar a nós mesmos.
Muita paz!

* Lucio Cândido Rosa escreve quinzenalmente sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]