Coluna de Rafael Oliveira: Banda Titãs e o disco Nheengatu

Faz algum tempo que desejo falar sobre esse disco e faltava tempo com tantas bandas em ritmo de produção acelerado e com minhas limitações de tempo ficaram maiores as dificuldades para acompanhar todas as “cenas” do rock que vão chegando na esteira rolante da música.

A banda Titãs é sem dúvida uma das minhas bandas brasileiras mais queridas, pela qualidade inovadora de seu som, suas letras pancadas e algumas delas sem um sentido próprio, mas uma excelente temática para compor clássicos incríveis, hoje vamos aproveitar a oportunidade para falar deste álbum lançado em 2014 – O Nheengatu.

Nheengatu é uma palavra indígena com o significado de “Língua Geral”, ou uma compilação de palavras e dialetos que permitiam os jesuítas se comunicarem com os índios brasileiros.

A banda Titãs há 20 anos não gravava um disco com as características clássicas que fizeram grandes discos como o “Cabeça Dinossauro”, “Ô Blesq Blom” e “Titanomaquia”, a potência, as letras críticas e a sutilezas de estilo musical se perdeu, inclusive com a saída de muitos dos antigos integrantes como: Arnaldo Antunes, Charles Gavin, Nando Reis e o falecimento de Marcelo Fromer.

Eu confesso que comprei logo assim que saiu o disco Nheengatu e levei algum tempo até entender a dinâmica do disco com a realidade que estávamos vivendo, mas era um momento inspirador para uma música pesada e com estilos do punk rock.
Quase 7 anos depois deixo minhas impressões sobre esse disco da banda, começando com a canção “Fardado” a música que abre o disco e que inclusive tem características parecidas com a canção “Polícia”, a letra tem aquele tema policial presente, o clipe então não poderia ser o mais inovador da banda, ambos integrantes se vestem de terno com pinturas escuras no rosto, na verdade maquiagem que faz lembrar ao “Coringa” do Batman.

Já as duas faixas seguintes são bem mais leves e bastante pop como: “Mensageiro Da Desgraça” e “República dos Bananas”, revela uma critica social pura da sociedade contemporânea, baseado no comportamento das pessoas, na individualidade e exposição de opiniões, além dos problemas da fome, vícios e antigos problemas sociais do Brasil.

A canção “Fala Renata” é completamente fora do compasso do disco, parece uma aventura punk, com estilo semelhante ao baião em alguns momentos, além do peso musical clássico do Titãs, cantada por Sérgio Brito.

Agora a canção “Cadáver sobre Cadáver”, essa traz a mais ácida versão Titanomaquia do disco e na minha opinião uma das mais fortes letras do disco o refrão é claro:
“Cadáver sobre Cadáver, quem vive sobrevive”
Uma canção com a presença marcante da bateria mais seca, sem tocar os pratos, uma guitarra mais rítmica e os “backing vocals”, simplesmente sensacional.

A canção “Pedofilia” é uma puta canção além de cair como uma luva na voz do Sérgio Britto, os arranjos são perfeitos, a potencia é marcante, com o “backing vocal” do Paulo Miklos, verdadeiramente a canção mais polêmica do disco.
O disco realmente tem grandes canções as versões mais pop como “Chegada ao Brasil (Terra à Vista) e “Eu me Sinto Bem” são músicas com direcionamento critico as pessoas e o conformismo, mas a qualidade da letra e os arranjos se superam novamente.
O disco não tem uma canção acústica ou romântica, mas a canção “Flores pra Ela” se encaixa com a melhor performance de Tony Belloto na guitarra e um arranjo tipicamente potente e irreverente como todo o disco até aqui.

As canções seguintes: “Não Pode” fala sobre o excesso de leis no país, uma bela canção que remete a outra canção “Porrada” do álbum Cabeça Dinossauro, na sequência a canção “Senhor” um estilo semelhante a canção “Igreja” também do álbum Cabeça Dinossauro, mas uma canção tipicamente titânica e com estilos do samba brasileiro.

Para completar esse disco e hoje aproveitei para falar de cada faixa do disco, mas sinceramente a melhor canção em termos de arranjo que lida com crítica social, preconceito e o estilo punk que se assemelha com grandes bandas é a canção “Quem são os Animais”, não poderia ser a melhor apresentação do Titãs, com toda a sua irreverência, potência e energia, uma pena que parte dos integrantes tenham saído da banda, inclusive o último deles o querido Paulo Miklos, mas a qualidade continua sendo o exemplo e o pilar dessa banda. Sensacional!
Vamos ao Disco:

Acesse os canais de mídia: Instagram: @titasoficial

* Rafael S. de Oliveira – Mórmon/SUD – Com oficio de Elder, Diretor de Assuntos Públicos e Especialista de Bem Estar, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Vice-Presidente – O Observatório: Associação de Controle Social e Políticas Públicas da Zona Oeste de SP (mandato 2020-2023). Técnico em Políticas Públicas pelo PSDB (Partido da Social Democracia do Brasil), Engenheiro de Produção e ex-gestor por 3 grandes empresas (Luft Logistics, IGO SP e TCI BPO). Apresentador e Produtor pela Rádio Meteleco.Net (Programa Garimpo) e Colunista no Jornal Cotia Agora (Caderno de Música, Discos, Experiencias e Cultura).