Lúcio Cândido Rosa: 3ª Revelação – Doutrina Espírita, Filosofia – Ciência – Religião

Caro Leitor!

A filosofia é a ciência das ciências. Ela é a responsável pelo questionamento do que acontece no mundo em todas áreas do conhecimento humano.
No dicionário iremos encontrar: Filosofia – ciência geral dos princípios e causas, ou sistemas de noções gerais sobre o conjunto das coisas; sabedoria.

Dizemos que o Espiritismo é uma filosofia, porque é questionadora e investigadora.
Nunca antes questionou-se tanto a espiritualidade, os supostos milagres, a vida após a morte; – Quem eu sou? De onde vim e para onde vou? O que estou fazendo aqui? Qual é a minha missão?
É uma ciência porque, Kardec a todo tempo procurou respostas palpáveis, comprovação para o que via e ouvia, desde as manifestações físicas quanto às mediúnicas em sua variedade.

Ao compor a sua obra, principalmente o Livro dos Espíritos, percebeu a necessidade da “reforma íntima” (moralização) da humanidade.
Vindo de família católica e estudando em colégio Protestante, tinha conhecimento sobre Jesus e seus propósitos de amor e redenção para com a raça humana.
Sua obra estaria inacabada, se não apontasse caminhos para a solução dos problemas que assolam nosso orbe, e para os Espíritos da erraticidade, conhecimento esse transmitido pelos amigos espirituais através do L.E.

Como o Espiritismo prega a reforma íntima para melhorarmos nossa conduta moral, esbarramos na religião (que tem por função ligar a criatura ao seu criador, e também esclarecer tudo aquilo que ficou incompreendido ou mal interpretado, pela instrução dos Espíritos que já tiveram a oportunidade de viverem aqui na terra).

Por isso, Kardec enfatiza que o Espiritismo é: – Filosofia, Ciência e Religião, por encontrar apoio nesses três pilares.
Ao pesquisar a Bíblia, fixou-se mais seus estudos no Novo Testamento, no Evangelho de Jesus, especialmente na parte moral.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, não há citação total dos Evangelhos, mas apenas aquilo que aponte os caminhos para a salvação do homem.

Na França, berço do Espiritismo, essa doutrina é tratada como ciência e não como religião.
No Brasil, essa doutrina proliferou, provavelmente (por orientação espiritual) por causa da cultura africana, crença trazida através dos escravos, que cultuavam e conversavam com espíritos, trazendo essa crença através de seus descendentes.

Vindo da África, foram proibidos pelos “seus donos”, de praticarem sua religião, por causa da crença católica, que sempre colocou para os “fieis” que as manifestações eram demoníacas. Sem contar que isso ocorreu na época em que a “Santa Inquisição” dominava o pensamento dos cristãos.
Os escravos cultuavam “seus santos” (batizados obrigatoriamente) com nomes de santos católicos para não sofrerem martírios.

Essa ideia de que só os demônios se manifestam, vem do Antigo Testamento, quando Moisés proibiu a consulta aos chamados “oráculos”, que geralmente serviam para fomentar a guerra entre as tribos e fazer maldade ao próximo.
Esse pensamento perdura até os dias de hoje, por isso muitos dizem que o Espiritismo é a “Doutrina do Demônio”.
Sabemos que a mediunidade não escolhe pessoas. Elas poderão ser de todas as raças, crenças ou comportamentos morais e imorais.

Quem é médium, deve saber que a Lei de Causa e Efeito não privilegia ninguém, e a dívida vai ser cobrada se o trabalho não for executado para o bem.
Então, seguindo esse princípio de igualdade, nossos irmãos evangélicos, católicos, umbandistas ou adeptos de qualquer outra doutrina poderão ser médiuns.

A mediunidade não é exclusividade da Doutrina Espírita. Kardec apenas nomeou o que antigamente, antes do Livro dos Médiuns, eram chamados de “Convulsionários”, (ver Revista Espírita 1859 – novembro- “ Os Convulsionários de Saint – Médard”.
Os médiuns eram conhecidos como convulsionários – Ver L.E. questões 481 a 483.

Então, as pessoas que trabalham na Umbanda e demais crenças africanas, são médiuns também.
Hoje, ouvimos relatos de que muitas casas umbandistas já estudam Kardec, buscando novos conhecimentos.

Há muita confusão na sociedade sobre o que é ser espírita, espiritualista, umbandista e outras crenças de origem africana ou não. Mas, o tempo é o melhor conselheiro, e com isso todos irão saber que, direta ou indiretamente trabalhamos com Jesus e não para Jesus, por amor a sua obra.

Muita paz a todos!

* Lucio Cândido Rosa escreve quinzenalmente sobre espiritismo e espiritualidade no Jornal Cotia Agora. Quer enviar sugestão de algum tema para que ele aborde? Envie para o email [email protected]