Coluna de José Gleilton da Silva: Santos e Beatos Carmelitas

SANTA TERESA MARGARIDA DO CORAÇÃO DE JESUS & BEATO MARIA-EUGÊNIO DO MENINO JESUS

Introdução

Os santos e beatos carmelitas são inspiradores. Quando você inicia a leitura de um santo ou beato, dentro da nossa ordem, você percebe quão digno tem sua vida, complacência, humildade, dignidade e muita fraternidade com Nosso Senhor Jesus Cristo Eucarístico. Santa Teresa de Jesus, a nossa Santa Madre, em suas obras completas, nos convida a essa experiência. No livro da Vida, por exemplo, no capítulo XXII, a santa ressalva e destaca o mais alto estado contemplativo para com N.S. JESUS CRISTO; e em outra situação, a santa Madre, no seu livro Castelo Interior, na 7ª Moradas, capítulo IV,6 -ressalva: “Irmãs, para haver bons fundamentos, procurai ser as menores e as escravas de todas, cuidando em como e onde as podeis agradar e servir. ”Com Santa Teresa Margarida do Coração de Jesus e o Beato Maria-Eugênio do Menino Jesus, eles foram atrás das suas virtudes, para vivenciar esse amor a Jesus Cristo, buscando consistência na verdadeira vida de contemplação. Não teria sentido algum, nessa espiritualidade Teresiana. É interessante notar nas vidas da santa e do beato, houveram tentativas de vida religiosa, em outras ordens. Porém, houve ausência de cumplicidade, e foram convencidos não pelos homens, mas pelo dom maior de DEUS, a dar continuidade na decisão monástica e religiosa, mas seguindo as suas vontades.

José Gleilton da Silva

1ª Parte – VIDA E ESPIRITUALIDADE SANTA TERESA MARGARIDA DO CORAÇÃO DE JESUS

Ana Maria Redi nasceu em Arezzo, Itália, a 15 de julhode 1747. Foi a segunda de treze irmãos. Com exceção do primogénito e dos cinco que faleceram na infância, todos se consagraram a Deus. Teve uma infância muito feliz. Era notável a sua inclinação para a piedade, os seus desejos de santidade e a sua compaixão para com os pobres.

Com nove anos foi internada no colégio de Santa Apolónia das Beneditinas de Florência onde, de 1756 a 1763, recebeu uma esmerada educação. Aos 14 anos faz exercícios espirituais. Torna-se uma menina responsável e afável.

Sentiu a chamada para a vida religiosa. Pensou ser beneditina. Após uma conversa com uma amiga que ia ingressar no Carmelo, Ana sentiu a vocação de ser carmelita (que ela antes não apreciava). Saiu do colégio para amadurecer a sua decisão. Quando completou 17 anos comunicou a sua resolução.

Entrou no Carmelo de Florença a 1 de setembro de 1764 e tomou o hábito a 10 de março de 1765. Fez o propósito de viver a oração, a obediência e o silêncio. Professou a 12 de março de 1766 com o nome de Teresa Margarida do Coração de Jesus. Tinha um temperamento entusiasta. Aprendeu a controlar-se e, desde o início viveu uma vida de admirável fidelidade. A relação que tinha com o seu pai, de mútua ajuda espiritual, fez-se mais profunda a partir da sua entrada no Carmelo.

Sabia latim. Por isso compreendia melhor os textos bíblicos e litúrgicos. Gostava de recitá-los frequentemente. Desejava viver a Regra do Carmelo meditando “dia e noite a Palavra de Deus”. Tinha especial simpatia pelos textos de São Paulo como por exemplo: “a vossa vida está com Cristo, escondida em Deus”.

Tinha constante memória de Cristo Crucificado, “capitão do amor” que levanta “o estandarte da Cruz”. A partir dos exercícios espirituais de 1768, propôs-se, em todas as suas ações não ter outro fim que não fosse o amor e o unir a sua vontade com a de Deus. Foi
perseverante em pequenos serviços às irmãs e não consentia murmurações nem críticas. Exclamava constantemente: “Deus é amor”. Vivia em contínua ação de graças: “Quem não acredite e não se atreva a aproximar-se a Ele faça a experiência de quão bom e generoso é o nosso amorosíssimo Deus!

”Era solícita no exercício da caridade. Oferecia-se para cuidar das irmãs idosas e doentes nas quais via o próprio Jesus Cristo. Especialmente pedia para atender as mais difíceis. Havia uma irmã demente e agressiva que outras temiam, mas que ela sabia cuidar com grande paciência e sem se lamentar.

No final da sua vida, teve grande aridez na oração. Experimentou repugnância, insensibilidade, temores, tentações e antipatia para a virtude. Ela redobrava a sua fé, vivia em abandono confiado a Deus e recitava salmos, frases bíblicas ou a expressão: Pai Bom!

Amante da leitura desde a infância, no final da vida só podia ler ler os escritos de Santa Teresa.A quem se dedicou inteiramente.

Santa Teresa Margarida, morreu aos 22 anos de idade, em 7 de março de 1770.

Apontamentos a partir da obra do Frei Gabriel de Santa Maria Madalena, da ordem dos carmelitas descalços, nasceu em 24 de janeiro de 1893, na Bélgica. Entrou para o Carmelo Descalço, em 1920; foi ordenado sacerdote em 1919. Em 1931, dedicou-se principalmente à divulgação da espiritualidade carmelita e da teologia espiritual. Morreu em 15 de março de 1953. O seu corpo repousa na cripta do Mosteiro de São José, em Roma.

-Nascida aos 15 de julho de 1747, foi batizada no dia seguinte, festa de Nossa Senhora do Carmo.
-Desde muito cedo, da sua infância até adolescência, dispensava as conversas de salão, e quando chegava visitas em sua casa, retira-se sem ser vista.

-Aos sete anos, fez sua primeira confissão; o pai à acompanhava até a igreja; esses primeiros anos foram frequentes sua visita para confissão.
-Aos 9 de fevereiro de 1757, recebe do arcebispo de Florença, o sacramento da Crisma, e no verão seguinte, aos dez anos, é admitida a Primeira Comunhão.
-Em 1761, aos 14 anos de idade, o Padre Dante Pellegrini, torna-se diretor espiritual da SANTA.
-Em 01 de setembro de 1764, a SANTA entra no Carmelo florentino, com os cuidados da Madre Jerônima.
-Sua formação, é confiada em particular à Irmã Ana Maria de Santo Antônio de Pádua.
-Em novembro de 1765, Frei Ildefonso de São Luis Gonzaga, passa a ser seu confessor, e, posteriormente, seu diretor espiritual, com a espiritualidade de São João da Cruz.
-Sua profissão Solene, ocorreu em 12 de março de 1766, e a tomada do véu, no dia 7 de abril do mesmo ano.
-Num domingo de janeiro de 1767, enquanto no coro se reza a Tércia, a Santa sente-se investida por uma onda de amor divino que a faz intuir, ou antes, experimentar a realidade expressa nas palavras da Escritura.
-O Frei Gabriel de Santa Maria Madalena, que escreveu a principal obra, relatando a vida e espiritualidade da Santa, cita várias vezes, sobre a vocação que se encontra escondida num caráter essencial; esse foi o principal segredo daquela pequena carmelita, para entrar em vida de santidade.
-Em 14 de abril de 1839, o PAPA GREGÓRIO XVI, a declara Venerável. Em 9 de junho de 1929, o PAPA PIO XI a beatifica, e em 19 de março de 1934, é canonizada.

2ª Parte –VIDA E ESPIRITUALIDADE BEATO MARIA EUGÊNIO-MARIA DE JESUS

Henri Grialou nasceu dia 2 de dezembro de 1894 num modesto lar de Aveyron (França) e ainda criança desejou ser sacerdote. Depois da Primeira Guerra Mundial, momento em que sentiu a poderosa proteção de Santa Teresinha do Menino Jesus, recomeçou os estudos no seminário, dando aí testemunho de uma profunda vida espiritual.

A descoberta dos escritos de São João da Cruz revelou-lhe sua vocação ao Carmelo, entrou assim para esta Ordem no dia 24 de fevereiro de 1922, logo após a sua ordenação sacerdotal, no dia 4 do mesmo mês, dia em que se comemora sua festa litúrgica. Onde adotou o nome de Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus.

Marcado pelo absoluto de Deus e pela graça marial do Carmelo, o Beato Maria-Eugênio serviu com devoção e empenho a Igreja e a sua Ordem, desempenhando cargos de grande responsabilidade na França e em Roma.

Dedicou-se plenamente à difusão do espírito e da doutrina do Carmelo, desejando que estes fossem vividos na vida cotidiana, numa harmoniosa união de ação e contemplação.

A transmissão do ensinamento dos mestres do Carmelo –Santa Teresa d’Ávila, São João da Cruz e Santa Teresinha – foi iluminada pela sua própria experiência de contemplativo e apóstolo, e culminou na redação do livro Quero ver a Deus.

Em 1932, com a colaboração de Marie Pila, fundou o Instituto Nossa Senhora da Vida na cidade de Venasque, França, junto a um antigo santuário mariano, do mesmo nome. Este intituto secular, de leigos (as) consagrados e sacerdotes, coloca em prática o ideal do Frei Maria-Eugênio de uma vida onde a ação e a contemplação são bem unidas, de tal modo que a contemplação estimula a ação e a ação estimula a contemplação, para assim dar testemunho do Deus vivo ao mundo.

Como sacerdote e diretor espiritual, ele conduziu incansavelmente no caminho da confiança e do amor, certo de que a misericórdia divina se derrama sempre e abundantemente.

Toda a vida do Beato Maria-Eugênio foi marcada por uma poderosa influência do Espírito Santo e da Virgem Maria. Respondendo à fidelidade do seu amor, a Virgem Maria veio buscá-lo no dia 27 de março de 1967, numa segunda-feira de Páscoa, dia em que ele fazia questão de celebrar a alegria pascal de Maria, Mãe da Vida.

Foi beatificado, no dia 19 de novembro de 2016.

Entre seus escritos, um dos mais conhecidos é o livro Quero Ver a Deus, publicado pela EDITORA VOZES, e tem sua tradução para o português (Brasil), pelo Carmelo do maculado Coração de Maria e Santa Teresinha (Cotia). Publicada em diversos países, em diversas línguas, esta obra tem um lugar de grande importância no campo da mística. Seguindo o roteiro do livro das Moradas de Santa Teresa de Jesus, Beato Maria-Eugênio vai, numa forma acessível, desvendando aqueles termos próprios da experiência mística, difíceis para a compreensão dos principiantes e mesmo para os adiantados no caminho da fé, necessitando de discernimento e de luz.

BIBLIOGRAFIA
A espiritualidade de SANTA TERESA MARGARIDA DO CORAÇÃO DE JESUS. Cultor de Livros. Edição 2014. Frei Gabriel de Santa Maria Madalena, OCD.¹

Querover a DEUS. Editora Vozes. Edição 2013. Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus, OCD².

¹A presente obra, ao final do último capítulo apresenta algumas cartas. Diferentemente de Santa Teresa de Jesus, Nosso Pai São João da Cruz e Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face, não há a compilação de um a obra completa.

²Na edição de 2013, Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus, estava em processo de beatificação.

*José Gleilton da Silva, 46 anos, casado, pai de dois filhos e duas netas é colunista do Jornal Cotia Agora. Nasceu na cidade de Iguatu, estado do Ceará. Chegou em Cotia em 1983 com 10 anos de idade juntamente com a família e irmãos. É o primogênito de cinco irmãos. Contabilista e Bacharel em Direito, apaixonado por leituras e livros, não E-BOOK. A tecnologia às vezes atrapalha. Tem preferência pelos livros da ALICE WALKER (escritora americana), mas toda leitura é bem-vinda! Perseverante no trabalho e na vida, já trabalhou em diversas pastorais na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate, em Cotia. Atualmente faz parte da OCDS – Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares, da Comunidade SANTA TERESA BENEDITA DA CRUZ, em Cotia. Também foi aceito e é Associado na Academia Marial do Santuário Nacional – Aparecida. Vem se inspirando na vida de SANTA TERESA DE JESUS (D´AVILA), para finalizar estudos de vida e um futuro livro para leigos.