Psicóloga Adriana Biem: Sabe o que cairia bem agora?

Esse meme estava circulando outro dia pelas redes sociais e me chamou a atenção. Lembrei imediatamente do filme “Click” com Adam Sandler, no qual ele tem um controle remoto com o poder de passar o tempo para frente pulando momentos considerados ruins e desgastantes para o personagem, que deseja somente viver os momentos bons. Logicamente, isso, com o desenrolar do filme, tem consequências não muito boas, como não poderia deixar de ser.

Agindo dessa forma, tornamos a felicidade inalcançável, parece que ela está sempre um passo à nossa frente, impossível de ser conquistada e usufruída. Esquecemos que para reconhecermos e desfrutarmos desse sentimento, precisamos reconhecer também o oposto dele. Passar por momentos de tristeza, desânimo e stress, é o que nos ajuda a reconhecer os momentos relaxantes e felizes. Felicidade contínua além de não existir, não seria positiva, pois correríamos o risco de simplesmente não percebê-la.

Em Dezembro também vai ter horas ruins, quando a sexta chegar nem tudo vai sair como o planejado, nas férias você certamente terá alguma frustração. Não adianta esperá-los ansiosamente e não perceber o que está acontecendo no momento presente, que, aliás, não deve ter esse nome por acaso. Presente!

Se você não consegue ser feliz em nenhum momento de seu trabalho, em nenhum momento do seu casamento, em nenhum momento de seus estudos, certamente você está no local errado e tomando um caminho duvidoso para a sua vida. E não estou falando somente de quando o relógio chega às 18:00, do happy hour de sexta e do jantar romântico de aniversário. Esses certamente são bons momentos, porém não se vive disso. A vida se faz mesmo da rotina, do cotidiano, do almoço do restaurante por quilo, do trânsito e dos faróis fechados. A vida se faz do despertador tocando cedo, do café da manhã nem sempre bem aproveitado e de prazos a cumprir.

Logicamente nem todo mundo vive assim, mas a ideia é mostrar que são nesses momentos que a felicidade deve encontrar morada. No que é simples e corriqueiro, até no que é duro e estressante, pois provavelmente aquilo está acontecendo por desejarmos algo maior. O sofrimento, as escolhas não acertadas, os momentos difíceis devem vir providos de sentido, e só vemos sentido nas coisas se soubermos para onde estamos caminhando, e só sabemos para onde estamos caminhando se tivermos autoconhecimento suficiente para sabermos onde queremos chegar. Dificuldades sem propósito são somente dificuldades. Dificuldades com propósito são escadas, pontes ou trampolins que nos levam até onde almejamos.

Seja feliz agora, mas não procure ser feliz o tempo todo.

*Adriana Cardoso Biem – Psicóloga Clínica, especialista em Gestalt-Terapia – CRP 06/80681 – Formada pela Universidade São Marcos, especialista pelo Instituto Sedes Sapientiae – Atende em Alphaville (Barueri) e Granja Viana (Cotia) – Contatos: [email protected] – www.facebook.com/adrianabiempsicologa – @adrianabiempsi (Instagram)