Chikungunya é tema da coluna de Gabriela Pinto
Chikungunya (ou febre chicungunha) é um vírus transmitido aos humanos por mosquitos Aedes (o mesmo da dengue), detectado no Brasil pela primeira vez em 2010, com o primeiro caso em 2014. O termo vem da língua maconde (idioma da Tanzânia) que significa “tornar-se dobrado ou contorcido”, referenciando a aparência curvada dos pacientes pelas fortes dores características da doença.
No período de 2004 a 2006 houve um surto no continente africano e nas ilhas do Oceano Índico, registrando 500 mil casos aproximadamente, aumentando para 1,39 milhão de pessoas ao atingir a Índia. Em 2010 o vírus se alastrou para outros países asiáticos, com registros de casos em viajantes de outros locais (inclusive do Brasil). Os primeiros casos de transmissão aqui no Brasil em pacientes que não viajaram ao exterior ocorreram em setembro de 2014.
A transmissão ocorre pela picada do mosquito Aedes aegypti ou Aedes albopictus, sendo que o primeiro é responsável também pela transmissão da dengue e o segundo, presente em ambientes silvestres. O período de incubação do vírus é de 2 a 10 dias, podendo se manifestar de forma aguda, subaguda e crônica.
Os sinais e sintomas são semelhantes aos da dengue, com febre alta, mal-estar, dores no corpo, dor de cabeça, manchas vermelhas no corpo, apatia e cansaço. Porém, alguns fatores podem diferenciar a Chikungunya da dengue, principalmente pela região dolorosa e duração dos sintomas (que podem chegar a um ano nesses casos). As dores dessa “febre” se concentram nas regiões articulares, já que o vírus causa inflamações nesses locais causando inchaço, vermelhidão e calor local. Diferente da dengue, não existe um subtipo hemorrágico, tendo uma mortalidade menor. O diagnóstico é feito por um exame de sangue, buscando anticorpos específicos da doença.
O tratamento consiste em melhorar a dor e reduzir a febre inicialmente, para aliviar os sintomas. Após o desaparecimento da febre, anti-inflamatórios são indicados na persistência de dores articulares, assim como fisioterapia para alívio da dor e inflamação. Assim como na dengue, os pacientes infectados devem evitar medicamentos com ácido acetil salicílico (aspirina) e associados, pois pode aumentar o risco de sangramento.
E como prevenir? Como o Aedes aegypti é o transmissor do vírus e suas larvas nascem e se criam em água parada, devemos evitar esses focos de reprodução. Veja como eliminar o risco:
* Evite acumular água: água limpa e parada é criadouro de mosquito! Jogue fora pneus velhos, vire garrafas com a boca para baixo, realize a drenagem do terreno, lave a vasilha de água do seu bichinho de estimação com frequência, mantenha fechada a tampa da caixa d’água e cisternas.
* Coloque areia nos vasos de plantas para não acumular água, ou remova o prato. A areia mantém a umidade para a planta, mas evita a criação de mosquitos.
* Higienize ralos de cozinhas e banheiros.
* Limpe as calhas.
* Limpe piscinas com frequência.
* Não despeje lixo em valas, valetas, margens de córregos e riachos. Assim você garante que eles ficarão desobstruídos, evitando acúmulo e até mesmo enchentes. Em casa, deixe as latas de lixo sempre bem tampadas.
* Use repelentes.
* Suplemento de vitamina B: o complexo B muda o odor que o organismo exala, confundindo os mosquitos (funciona como um repelente). Consulte seu médico antes de iniciar a suplementação.
*Gabriela Pinto (Crefito-3/187342F) é fisioterapeuta formada pelo Mackenzie e pós graduada em fisioterapia intensiva no Hospital Albert Einstein e atualmente faz fisio geriátrica.