Acusado de 63 crimes, prefeito de Barueri deixa o cargo

O vice-prefeito de Barueri, Jaques Munhoz (PTB), assumiu nesta quarta-feira a prefeitura da cidade, um dia depois de o Tribunal de Justiça de São Paulo decretar o afastamento imediato do titular do cargo, o prefeito Gil Arantes (DEM). Nesta terça, Arantes se tornou réu em ação penal, acusado de 63 crimes: cinquenta vezes por lavagem de dinheiro e treze vezes por desvio de verba pública. Ele já deixou o cargo oficialmente.

O vice-prefeito foi notificado na tarde desta quarta-feira do afastamento cautelar de Arantes até o fim do processo criminal a que ele responde. Munhoz comunicou ao oficial de Justiça que “já assumiu a administração municipal”, conforme a certidão de mandado judicial. A saída imediata do titular do cargo contraria a expectativa dos defensores de Arantes. Os advogados coordenados pelo criminalista José Roberto Batochio pretendiam entrar com recurso para que o democrata permanecesse à frente do Executivo municipal, já que o afastamento foi decidido por maioria de votos – e não por unanimidade – entre os desembargadores da 4ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP.

Na terça, Gil Arantes passou o dia na capital paulista reunido com seus advogados logo após ter sido afastado do cargo. A informação foi confirmada à Justiça pela primeira-dama, Silvia Arantes, e pelo secretário de Negócios Jurídicos de Barueri, Benedito Fernandes, quando o oficial de Justiça tentou notificar o prefeito em sua residência e na sede da prefeitura. Ele só assinou a certidão para tomar ciência de seu afastamento às 21h13, quando voltou para casa.

A Procuradoria-Geral de Justiça acusa Gil Arantes de arquitetar um esquema de desvio de verbas baseado no pagamento superfaturado de imóveis desapropriados. Com o dinheiro, repassado a empresas do ramo imobiliário em nome de seus familiares e de um laranja – algumas formalmente representadas por um de seus filhos, Ricardo Macedo Arantes – o prefeito teria comprado uma série de imóveis em Barueri, na região nobre de Alphaville e em Ubatuba, no litoral paulista. Em agosto de 2014, a Justiça já havia decretado o sequestro de 31 imóveis, de uma lancha e um jet-ski.

Ao todo, o Ministério Público de São Paulo cobra de Gil Arantes a devolução de mais de 26 milhões de reais aos cofres municipais.

Da Veja